Novos atentados: aumenta cerco à mídia independente
Jornalismo B
Na última segunda-feira (28/3) foi amplamente divulgado na internet mais um caso de censura a um blogueiro. Agora foi no Paraná, onde o governador Beto Richa (PSDB) tem uma relação um tanto conflituosa com a liberdade de opinião – já desde a época em que foi prefeito da capital do Estado, Curitiba. Depois de, através da Justiça, impedir a publicação das pesquisas que indicavam crescimento de seu oponente na disputa pelo governo, Richa também atacou o blogueiro Esmael Morais.
Acostumado a atacar verbalmente blogs críticos a suas gestões, o governador do Paraná resolveu levar à Justiça seu ideal de silêncio. Esta, leal ao governo estadual e não muito afeita às liberdades, condenou Esmael a retirar do seu blog todas as postagens consideradas ofensivas ao governador. Das cerca de 20 mil postagens, mais de mil citavam Beto Richa. Após solicitação do blogueiro para que o juiz determinasse quais eram ofensivas, por volta de 500 posts foram tirados do ar.
Ressalte-se que ofensas pessoais devem ser coibidas, a internet também não pode ser uma terra sem lei, mas críticas e denúncias políticas tiradas do ar pela Justiça constitui censura por parte desta e atentado à liberdade de expressão por parte do reclamante, principalmente sendo ele o ocupante de um cargo público, que deve satisfações à sociedade sobre todos os seus atos políticos.
Na mesma semana em que as informações acima foram publicadas pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, um blogueiro carioca Ricardo Gama, que costuma publicar posts críticos à prefeitura e à polícia do Rio de Janeiro, recebeu três tiros na capital fluminense. Segundo o delegado do caso, ”nós temos ali várias pessoas que poderiam ter se sentido ofendidas ou mesmo que poderiam ter como objetivo silenciar o que ele vinha escrevendo”. Ou seja, chances de ataque ao direito de se expressar de Ricardo.
Não esqueçamos que as agressões à liberdade de blogueiros passam também pela mídia dominante. O jornal Folha de S. Paulo, por exemplo, desde o ano passado tenta calar (e, de certa forma, consegue) os conteúdos produzidos pelo blog Falha de S. Paulo. No Rio Grande do Sul, o fotógrafo Ronaldo Bernardi, do Grupo RBS, processou o jornalista e blogueiro Wladymir Ungaretti e a Justiça determinou que Ungaretti retirasse de seu blog as referências a Bernardi e ao jornal Zero Hora.
A velha mídia, de modo geral, cala ou estimula as constantes tentativas de censura a blogueiros por todo o país. Enquanto isso, seguem se proliferando propostas para a constituição de um marco regulatório para a internet. É fundamental que aconteça, sem dúvida, mas em termos democráticos, de forma a ser construído também pelos blogueiros e que resguarde os direitos de informação, crítica e expressão de opiniões diversas. De grão em grão, a Justiça e diversos atores sociais vêm tentando enfraquecer o enorme poder mobilizador e disseminador da internet. Não se pode permitir que o novo marco feche a tampa desse caixão.
Postado por Alexandre Haubrich
Siga www.twitter.com/jornalismob e www.twitter.com/alexhaubrich
Jornalismo B
Na última segunda-feira (28/3) foi amplamente divulgado na internet mais um caso de censura a um blogueiro. Agora foi no Paraná, onde o governador Beto Richa (PSDB) tem uma relação um tanto conflituosa com a liberdade de opinião – já desde a época em que foi prefeito da capital do Estado, Curitiba. Depois de, através da Justiça, impedir a publicação das pesquisas que indicavam crescimento de seu oponente na disputa pelo governo, Richa também atacou o blogueiro Esmael Morais.
Acostumado a atacar verbalmente blogs críticos a suas gestões, o governador do Paraná resolveu levar à Justiça seu ideal de silêncio. Esta, leal ao governo estadual e não muito afeita às liberdades, condenou Esmael a retirar do seu blog todas as postagens consideradas ofensivas ao governador. Das cerca de 20 mil postagens, mais de mil citavam Beto Richa. Após solicitação do blogueiro para que o juiz determinasse quais eram ofensivas, por volta de 500 posts foram tirados do ar.
Ressalte-se que ofensas pessoais devem ser coibidas, a internet também não pode ser uma terra sem lei, mas críticas e denúncias políticas tiradas do ar pela Justiça constitui censura por parte desta e atentado à liberdade de expressão por parte do reclamante, principalmente sendo ele o ocupante de um cargo público, que deve satisfações à sociedade sobre todos os seus atos políticos.
Na mesma semana em que as informações acima foram publicadas pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, um blogueiro carioca Ricardo Gama, que costuma publicar posts críticos à prefeitura e à polícia do Rio de Janeiro, recebeu três tiros na capital fluminense. Segundo o delegado do caso, ”nós temos ali várias pessoas que poderiam ter se sentido ofendidas ou mesmo que poderiam ter como objetivo silenciar o que ele vinha escrevendo”. Ou seja, chances de ataque ao direito de se expressar de Ricardo.
Não esqueçamos que as agressões à liberdade de blogueiros passam também pela mídia dominante. O jornal Folha de S. Paulo, por exemplo, desde o ano passado tenta calar (e, de certa forma, consegue) os conteúdos produzidos pelo blog Falha de S. Paulo. No Rio Grande do Sul, o fotógrafo Ronaldo Bernardi, do Grupo RBS, processou o jornalista e blogueiro Wladymir Ungaretti e a Justiça determinou que Ungaretti retirasse de seu blog as referências a Bernardi e ao jornal Zero Hora.
A velha mídia, de modo geral, cala ou estimula as constantes tentativas de censura a blogueiros por todo o país. Enquanto isso, seguem se proliferando propostas para a constituição de um marco regulatório para a internet. É fundamental que aconteça, sem dúvida, mas em termos democráticos, de forma a ser construído também pelos blogueiros e que resguarde os direitos de informação, crítica e expressão de opiniões diversas. De grão em grão, a Justiça e diversos atores sociais vêm tentando enfraquecer o enorme poder mobilizador e disseminador da internet. Não se pode permitir que o novo marco feche a tampa desse caixão.
Postado por Alexandre Haubrich
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