sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

pensando o mercado de trabalho

O PROBLEMA DO MERCADO DE TRABALHO É MESMO A “FALTA DE QUALIFICAÇÃO”??


Por Luiz Müller


Há muitos postos de trabalho em aberto no SINE. Não são preenchidos, segundo o empresariado, pela falta de qualificação profissional. Por outro lado, as estatísticas do IBGE (3,7% de desemprego) e do DIEESE nos mostram que na região metropolitana de Porto Alegre atingimos o patamar de Pleno Emprego ou próximo disto. Então é de se perguntar: Há trabalhadores sobrando aos quais falta qualificação? Não estão praticamente todos trabalhando, formal ou informalmente ligados ao mercado e ao mundo do trabalho? Todos os seres humanos pensam na sua sobrevivência. Quando o básico para esta sobrevivência esta garantido, começam a fazer cálculo de custo/benefício imediato. Pensando assim, há razão imediata para que o trabalhador se qualifique mais? O mercado vai corresponder com melhores salários do que lhes é pago na informalidade em que atuam hoje? As condições de trabalho da formalidade oferecidas, sempre pensando do ponto de vista do imediato, incentivam que o trabalhador busque mais qualificação? As compensações desta “formalidade” atendem as necessidades imediatas apontadas no cálculo custo/benefício do trabalhador? Os trabalhadores, formais ou informais, fazem parte da sociedade de todos e assimilam para si os valores desta sociedade. O empresariado para empreender, também pensa assim. Precisa colocar no cálculo a sustentabilidade imediata da empresa, para em cima desta sustentabilidade imediata estabelecer o planejamento estratégico de longo prazo que viabilizará a contínua ampliação. Se a produtividade cresceu vertiginosamente nos últimos anos, principalmente em função das novas tecnologias e a produção só tem subido em função do mercado interno em expansão e da vitalidade da economia brasileira, é justo pois que os trabalhadores, chamados a participar deste salto econômico tenham a contrapartida da mesma sociedade que não existiria sem o seu trabalho. Por outro lado, o empresariado, formador de opinião, deveria estaqr mais debruçado sobre o problema da informalidade, visto que só há trabalhadores informais se são contratados por empresários, sendo estes formais ou informais. Não há como dizer que este é apenas um problema de “fiscalização do estado”. É um problema de compreensão e cultura de classe. Assim como o Movimento Sindical dos Trabalhadores não deve estar preocupado somente com os trabalhadores com CTPS assinada, os empresários também devem chamar a razão os seus pares que insistem em se utilizar da informalidade como forma de redução de custos e instrumento de competição mercadológica. O “Estado” é gerido por entes eleitos oriundos das classes sociais que compõe a sociedade. É claro que eles repercutirão no poder o que a classe lhes estabelece, consciente ou inconscientemente. Assim, entendo ser necessário ir para além do clichê “falta qualificação profissional” e avançarmos para identificar quais os meandros culturais erguidos na nossa sociedade por muitos anos de abandono e até de privatização do estado por parte de parcelas da classe dominante e que hoje sofre ela própria os efeitos deste processo instituído no país a partir de 1989 com a eleição de Collor de Mello e só quebrado nos últimos 8 anos, no governo Lula, com o resgate do papel do estado como regulador da sociedade e da economia que a move

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