quarta-feira, 16 de março de 2011

tempos modernos(?) nem tanto, nem tanto

Estados Unidos rumam de volta aos Tempos Modernos



Houve um tempo em que os trabalhadores não podiam lutar em conjunto por melhores condições de trabalho e salários minimamente dignos. Era uma época de jornadas intermináveis e extenuantes. Um período da nossa história em que mulheres não podiam parar para amamentar seus filhos e não se podia faltar ao trabalho para atendimento médico ou em caso de morte de parente.

Tempos difíceis, em que muito poucos ficavam com o lucro do árduo trabalho de muitos (ops, isso continua). Um trabalho muito mais árduo do que o que vemos hoje. E o trabalhador que reclamasse era substituído, sem direitos trabalhistas ou possibilidade de unir forças para reivindicar dignididade.

Os direitos foram sendo incorporados aos poucos, em uma luta que remonta à Revolução Industrial inglesa, mas a transcende. Foi ali que ela começou a se intensificar, até pelo alto nível de exploração de mão-de-obra nas indústrias que surgiam. Ao longo do tempo, foram-se constituindo os sindicatos, uma forma de organizar os socialmente frágeis trabalhadores para torná-los mais fortes frente a um patrão poderoso. Através deles, muitas conquistas foram possíveis. O direito de greve, por exemplo, está intimamente ligado à capacidade de organização, e é um importante instrumento de pressão da classe trabalhadora.

Com a evolução da luta, os sindicatos se tornaram lei em muitos países. Hoje em dia, foram incorporados totalmente à nossa sociedade. No Brasil, especialmente desde o governo de Getúlio Vargas, com seu trabalhismo que legalizou os sindicatos. Eles viraram referência, em diversas nações, para a elaboração de política econômica e ganharam relevância.

Em tempos de neoliberalismo, os sindicatos reduzem juntamente com a importância dos trabalhadores. O livre mercado defende a aniquilação – ou o eufemístico “flexibilização” – das leis trabalhistas. De forma que, de uns tempos pra cá, já vem se fazendo notar a pressão dos setores empresariais por uma revisão nos direitos dos trabalhadores. No fundo, uma volta às leis que regiam os séculos XVIII e XIX, quando a luta de trabalhadores em Chicago (Estados Unidos), duramente reprimida, deu origem ao 1º de maio e fortaleceu o reconhecimento da classe operária.



Nos mesmos Estados Unidos, agora o retrocesso se confirma. Os deputados do estado de Wisconsin aprovaram na última quinta-feira (10) uma lei já votada pelo Senado na véspera para extinguir os sindicatos de representação dos servidores públicos, em uma manobra dos republicanos que reduziu a exigência de quórum. Dessa forma, puderam votar mesmo com a ausência dos democratas, que saíram do estado na expectativa de impedir a aprovação da lei. A previsão é de endurecer ainda mais a relação com os trabalhadores, que já inspiram outros estados, e diminuir o papel do Estado, com cortes sociais.

Resta a esperança de que este não seja um sinal de uma tendência mundial, imitando um relativo pioneirismo norte-americano em diversas causas sociais, inclusive as trabalhistas.

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