quinta-feira, 17 de março de 2011

vitória dos quilombolas de Morro Alto

Marginais do jornalismo gaúcho alcançando a mudança junto com quilombolas


Jornalismo B

Uma gigantesca vitória de quinhentas famílias sobre a exclusão não é notícia para os grandes veículos de comunicação do Rio Grande do Sul. Se dependêssemos apenas deles, as vozes dessas quinhentas famílias – e de muitas outras – jamais seriam ouvidas. Mas a mídia independente está aí, cada vez com mais força, para gritar junto com os excluídos.

Mais uma vez o pessoal do Coletivo Catarse deixou orgulhoso o jornalismo gaúcho e, enquanto todos fechavam os olhos, acompanhou de perto, desde o início deste ano, a luta dos quilombolas de Morro Alto, a 140 km de Porto Alegre, na defesa de suas terras. Desde o meio de janeiro foram quatro posts no blog do Catarse sobre o assunto, começando por um belíssimo documentário que comete uma das grandes subversões da Era da Ditadura Comunicacional: dá voz aos oprimidos históricos. O documentário pode ser assistido na íntegra abaixo.


Além desse vídeo, o Coletivo Catarse acompanhou também a ocupação do Incra pelos quilombolas, no apagar das luzes de fevereiro. Depois, em 10 de março, o blog comemorava o resultado de mais uma ocupação do Incra:

Nos chega agora uma dessas notícias que faz toda a luta valer a pena e que comemoramos com o punho cerrado e um viva! Pelo email do Onir, advogado de quilombos e integrante do MNU/RS: “A Comunidade de Morro Alto (Osório), uma das protagonistas da luta quilombola no Rio Grande do Sul, com três séculos de resistência e história, e uma das primeiras no Estado a pleitear a aplicação do artigo 68 da Constituição Federal de 1988, conseguiu arrancar o que deveria ser de direito, ou seja, a aprovação pela Comissão de Decisão Regional do INCRA-RS, do Relatório Técnico (o RTID) e o compromisso para encaminhamento imediato para publicação do mesmo no Diário Oficial reconhecendo um território de 4600h.”

Finalmente, nesta terça-feira, o RTID foi publicado no Diário Oficial, com o que “os ocupantes não-quilombolas que estão na área – cerca de 350 pessoas – serão notificados, e terão prazo de 90 dias para contestação do relatório. Após esta etapa, é publicada uma Portaria de Reconhecimento do território, seguida de decreto presidencial autorizando o Incra a desapropriar as áreas necessárias. Os processos de regularização culminam com a titulação da comunidade”. O post do Catarse após mais essa vitória trouxe como título uma frase que resume a função primordial de todo jornalista independente, de todo agente social inconformado: “Ir atrás da mudança”. É isso o que o Catarse faz desde 2004, dando voz a quem quer gritar. E mais: gritando junto. Gritemos nós também.

Postado por Alexandre Haubrich

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