sábado, 31 de dezembro de 2011

às mulheres do passado, do presente e do futuro... siempre las mujeres: todas en una mujer!

Jamais uma costela, jamais um detalhe... la razón de la vida

Esses homens com os olhos doendo por horas de contemplação...


baitasar

... enquanto ela adormece ao lado... serena de amor acabado... as dobras e as rugas reclamam as ausências. Indomável e selvagem. Lambida e enroscada. Toda preenchida. Macia.


Enfio as mãos em um pequeno saco de linho branco e retiro alguns tocos e raízes. Trouxe essa planta com a recomendação de um dia abrir esta cerimônia, purificando meu corpo e minha memória, para alcançar a visão das coisas e das pessoas, como foram antes, e tudo corra bem. A fumaça perfumada se eleva e parece convidar muitos mais para a cerimônia.


Enquanto o incenso queima e o rastro do perfume envolve os espíritos antigos, nuvens brancas de mistérios dançam a nossa volta, passando com suavidade por carnes e ossos. Reencontro-me, abro os olhos e a mente para o meu passado, um labirinto de recuerdos dulces, suaves y infames. A união do céu com a terra através de alianzas, impaciências, pecados y el amor incondicional.

Tenho as lembranças, um pouco raladas pelo tiempo e a distância, além dos espíritos que me abraçavam querendo reconciliação com suas histórias, cantando suas cantorias. Jamais vi os espíritos antigos, otros diziam que ouviam e rezavam junto com os ancestrais. Eu não precisava ouvi-los, me bastava saber que estavam ali. Ela estava ali.

Olhei para cima e estava parada olhando para baixo, colocava as vistas em mim. Não pode deixar de me encantar com a sua generosidade de mulher não escravizada pela beleza. A moldura daquela via leitosa estrelada – mais acima de su cabeza – ou a saudade da minha juventude, pouco importa, aquela Mulher era la mujer más hermosa que había visto en mi vida.
Su cabello negro descia da cabeça e parecia chegar ao chão de piedras, fino y sedoso, o queixo arredondado con una pequeña depresión, os lábios carnudos, as narinas arredondas: perfecta. Os olhos negros brilhavam como dos estrellas del suelo de piedra, diamantes campesinos.

O sangue ferveu minhas facetas de palhaço, a boa escuridão me protegia.

Essa mulher tem um encantamento que a deixa encantada, vulnerável, pronta para ser colhida. Uma mulher graciosa de pura beleza germinada en la vida, suspira as ervas e as flores do campo.
Eu nada entendia dos acontecimentos de encantamento, mas reconhecia o sorriso em seus olhos. Ela foi ateada no fogo do meu amor.
O milagre desse feitiço se dá para mis ojos en las piernas mestiças, meus olhos são acordados pelo feitiço encantado en las piernas. A ternura da paixão tem mais força que o bruxedo das ervas. Quando o mundo do homem entra en la mujer, tudo se aquieta, os barulhos de la mujer silenciam as guerras, acabam as dores que se aproveitavam do medo, os sofrimentos ficam encantados em uma nuvem cinzenta assoprada pelos espíritos para longe, ao redor do mundo, descobrindo e ouvindo, cantando e sorrindo, assim, quando retornarem, estarei com as feridas cicatrizadas. Não evito um sorriso irreprimível, um sorriso malicioso, um olhar esbugalhado.
La mujer amorosa es mi amor.
Sentei na esteira acolchoada e esperei: se aconchegou sobre meu colo. Senti a simplicidade da vida se derramando toda líquida, ela é o pântano das águas. Fui empurrado para trás até ficar todo estendido e nu, as ordens de permanecer deitado chegavam pelos dedos mágicos da mulher em reboliço. O pelo emaranhado do cabo roçando na pele avermelhada fez la joven sorrir de cócegas e mostrar seus dentes brancos com a cera do leite. Talvez eu não merecesse la mujer atrevida com suas carnes, talvez... Os lábios se enchiam avermelhados e úmidos, como beijos desaforados. Sabia que as cercas só existem para os mortos, coloquei a mão do coração nos cabelos daquela mujer.

Desgrudou os cabelos da nuca e num movimento para trás se fincou mais fundo. Não precisava escapar-me. E como um bicho domado mi sonrisa apareció.
Ficamos assim, parados, montados em silêncio, sem medos e alargados. Enfiados en la tierra... E Deus Criou a Mulher

Até que os olhos nos doam por horas de contemplação...

... e preparar o ano que aí vem
Caprice e Tiffany Thompson
Vai sendo tempo de acabar isto (sacrifícios)
Raquel Welch
Vai sendo tempo de acabar isto
Abigail Clancy
Vai sendo tempo (poses)
Arielle
foto de Helmut Newton
Vai sendo tempo (feitios)
Paz de la Huerta
Vai sendo tempo (repetição)
Lindsay Lohan
Vai sendo tempo (vestes)
Romola Garai
da dica de Ricardo
Vai sendo tempo (vícios)
Arielle
foto de Helmut Newton
Vai sendo tempo (revisto e aumentado)
Emmy Rossum

Vai sendo tempo
Gabriella Grecco
Vai sendo tempo de confrontar vontades
Catrinel Menghia
trazida por Pedro
Vai sendo tempo de estabelecermos posições
Amanda Seyfried
Vai sendo tempo de pedir opiniões
Romola Garai
trazida por Ricardo
Vai sendo tempo de fechar o ano
Hanna Mangan Lawrence
Vai sendo tempo de inventário
Katrina Law

Vai sendo tempo de leitura
Emma de Caunes
Vai sendo tempo de revisão
Marilyn Monroe
roubada à S.A.
Vai sendo tempo de introspecção
Gina Iacob
trazida pelo Pedro
Vai sendo tempo de análise
Kate Upton
trazida pelo Ricardo
Vai sendo tempo de balanço
Nicole Bahls
dada por Alexandra
[espreguiçar]
Marloes Horst

[acamar]
Helena Christensen
[demorar]
Daisy Lowe
[flirtar]
Scarlett Johansson
[devagar]
Rianne Ten Haken
[assim]
Daisy Lowe
(por erro foi antes publicada a mesma foto das 18h00 deste dia)
[por exemplo]
Marloes Horst
... repetir a festa
Jessa Hinton

.. retocar a festa

Lindsay Lohan
... retemperar a festa
Emma de Caunes

... contemplar a festa
Marloes Horst
... ressacar da festa
Daisy Lowe
... repousar da festa
Veronica Varlow

Árvore
Katie Fey

Vida
Luana Piovani

Porque hoje é o último sábado de 2011... um Feliz 2012!!!!!


Espanhóis se divertem com a ruindade do Santos

Vídeo revela como o Santos foi derrotado no Japão. Falado em catalão com legendas em espanhol. Neymar está perfeito!

Padim Cerra: Mas que bobagem, Miriam…


A dor de cotovelo de Miriam Leitão

Tijolaço



Miriam Leitão escandaliza-se com um deficit nominal de 2,36% do PIB, mas não abria a boca quando FHC fez este déficit chegar a 14% do PIB

A coluna de Miriam Leitão hoje, em O Globo, não é, certamente, nada que deva entrar no cardápio da ceia de Ano Novo. Porque é fel puro, algo tão evidentemente odioso que entra nas raias da irracionalidade e do ridículo.

Ela desdenha da situação de solidez das contas públicas brasileiras – Brasil, vocês sabem, é aquele país que há nove anos pedia seguidos perdões (waivers) ao FMI e onde o presidente submetia os candidatos à eleição presidencial a concordarem publicamente com uma nova estendida de pires financeiro – como se vivêssemos no paraíso e, de lá para cá, governantes irresponsáveis nos tenham atirado na caótica situação de sermos a sexta economia do mundo.

Diz, por exemplo, que o superávit primário – aquele mesmo, que ela cantou em prosa e verso por anos a fio – não é nada, o problema é o déficit nominal, que é o resultado depois do pagamento de juros. De fato, os juros altíssimos pagos pelo nosso país – embora sejam a metade do que eram sob o genial (para ela) governo Fernando Henrique – são nosso maior problema macroeconômico, mas não foi ela própria quem vociferou contra a “precipitação” do Banco Central em começar a cortar estes juros, em agosto?

A não ser para quem aposta na “roda-presa”, quando o mundo desenvolvido ostenta dívidas públicas próximo aos 100% dos PIBs nacionais achar que o Brasil, que não tem a metade deste endividamento, deva se submeter a arrochos mais severos, cortar gastos sociais e sacrificar mais seu povo. Aliás, é no mínimo desmemoriado quem critica um déficit nominal de 2,36% do PIB enquanto não se recorda que este já chegou a inacreditáveis 14% do PIB, em 1999, quando a tucanagem imperava.

E “esquece” de citar que estes juros são pagos por uma dívida que, desde FHC, o Iluminado, caiu de mais de 56% para 37% do PIB. Ou seja, a família devia mais da metade de sua renda, agora deve pouco mais de um terço. E está pior?

Fala também da carga tributária, que era de 29% em 1995 e hoje anda pelos 35% do PIB. Esquece que este crescimento se deu justamente sob Fernando Henrique,que disse, aliás, que “essa coisa” de reclamar da carga tributária era “choradeira”:

- Como vai ter um Estado moderno, em um país pobre, sem tributo? – disse ele em 2007.

A musa do Milênium diz ainda que são absurdos os financiamentos do BNDES, que custam ao Tesouro mais do que rendem, mas não foi capaz de uma palavra quando estes financiamentos foram turbinados para financiar a compra – quase doada – do patrimônio público.

Textos como o de hoje é que explicam aquela frase de José Serra na campanha eleitoral. Pode não ter sido gentil, mas foi precisa:

- Mas que bobagem, Miriam…

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

mas quando o cara pálida quer ser ignorante, não adianta nem desenhar que ele não vai entender, não quer ou não pode...


Nakano na Carta dá
uma aula à Urubóloga


Conversa Afiada





Em entrevista à Carta Capital, o respeitado economista Yoshiaki Nakano desmonta a lógica colonial do pensamento Neolibelês (*) da Urubóloga e explica por que o Brasil vai dar certo.

Não perca !

É uma aula !

(Nakano, aqui, trata das “metas de inflação” e desmonta pauzinho por pauzinho a “lógica” neolibeles (*) da Urubóloga, que reproduz com fidelidade os neolibelês que entrevista.)


Yoshiaki Nakano: Precisa olhar para a inflação do ano que vem, olhar lá para frente. Se você pegar a inflação mais contemporânea, vai ver que está dentro da meta, mas todo mundo continua gritando. Esse é um grande erro conceitual. Você vai perguntar por que se manteve esse sistema. Por uma razão muito simples. Se você olha para 12 meses, a inércia da taxa acumulada é muito maior do que a de cada mês. E o que acontece? Se a inércia é grande, precisa manter os juros altos por um período maior. E há ainda outra razão. Para os juros altos terem uma inércia muito grande no Brasil é que existe esse sistema de metas, que eu espero que o BC tenha realmente resolvido mudar. Particularmente porque o Tombini não é banqueiro, ele é economista. Se é economista, tem de minimamente entender o que é meta de inflação. Se você está olhando para frente, a sua reação não é atrasada. No Brasil, sistematicamente, quando a inflação de 12 meses sobe, a reação já está muito atrasada, porque você tinha de estar olhando lá para frente. E se você tem uma reação atrasada lá para trás, na hora de abaixar você também se atrasa. Acho que o BC, em 31 de agosto, rompeu com esse paradigma errado, incorreto, absurdo que tinhamos. E está se tornando mais prospectivo e mais ágil. E a inflação nos próximos meses acumulada vai cair porque está saindo (do índice acumulado de inflação) um outubro (de 2010) de 0,77% e entrando um outubro de 0,40%. Então vai cair nos 12 meses (acumulados). E isso, por razões erradas, acalmou o mercado também. O BC para mim agora está ganhando independência e autonomia. Porque a autonomia do BC não é só em relação à classe política, é em relação também ao mercado. Por isso é que o mercado chiou, um monte de artigos e gente dando entrevista dizendo que o BC tinha quebrado um protocolo. O que é o protocolo? Os economistas de banco projetam “tá, tá, tá”, o tesoureiro de banco toma uma decisão e aí o jornal publica uma pesquisa das instituições financeiras mais importantes. Um aposta que (o corte dos juros) vai ser de 0,25%, outro de 0,50%. Qual a maioria? (Digamos) 0,50%. O BC ia e abaixava 0,50%. Só depois de agosto, pela primeira vez, pegou quase todo mundo de surpresa. Porque aquele sistema em que o mercado impunha uma sistemática ao BC foi rompido.


CC: Acabou a moleza?


YN: Não, não, o mercado se adapta rapidamente. Começa a olhar para frente também.


CC: O senhor está otimista com 2012?


YN: Estou, mas lógico que para ficar otimista é preciso fazer aquelas mudanças que eu disse (desindexar a economia, melhorar a gestão pública, reduzir o Custo Brasil). Se fizermos essas mudanças, o Brasil poderia entrar em uma situação parecida com todas as crises internacionais anteriores. É muito interessante observar o seguinte na história do Brasil. O Brasil de certa forma deslanchou nas últimas décadas do século XIX. Criou-se então um projeto para construir uma sociedade moderna, urbana. Foi a crise dos anos 1880 que gerou migração, resolvendo os problemas que permitiram o início da industrialização. Durante a Primeira Guerra, expandimos; durante a Segunda Guerra, expandimos. Com a crise de 1930, finalmente mudamos o polo de crescimento, do dinamismo de fora de uma economia exportadora, e nos industrializamos. Então o Brasil foi bem nos momentos de crise. A lógica disso é complexa, mas muito evidente e clara.


CC: Qual é essa lógica?


YN: O Brasil ainda tem uma mentalidade colonial, valorizamos aquilo que é do exterior, do Primeiro Mundo. Nós não pensamos com a nossa cabeça, importamos as coisas etc. e particularmente as ideias. Quando o mundo entra em crise, entra em crise todo um modelo, todo um pensamento, todo um conjunto de ideias. A teoria econômica, ortodoxa, convencional, prevalecente entrou em declínio. Então, o que é preciso fazer nos momentos de crise? O Brasil precisa pensar com a própria cabeça e olhar para dentro. Aí você vai descobrir que tem potencial de crescimento, problemas que precisam ser resolvidos, e deixa de olhar para uma miragem. Aquilo em que eles acreditam e desenvolvem vale para eles, não para nós. Então você tem nesses momentos de crise internacional um momento de crise também do pensamento econômico, de um modelo econômico, da estratégia de crescimento daqueles países… Hoje ninguém está querendo copiar alguma coisa da Europa ou dos EUA, que estão em crise em termos de pensamento. Então você vai ter de pensar com a própria cabeça. Essa é a grande mudança que permitiu ao Brasil avançar. Você deixa de priorizar a globalização e passa a priorizar os problemas de interesse doméstico. E enfrentar os problemas domésticos mais para valer. Porque o dinamismo não vai mais vir de fora, tem de ser aqui de dentro. E aquelas coisas de Consenso de Washington… isso já foi lá pra baixo. Então, na verdade, essa crise está derrubando um tipo de hegemonia política e ideológica de um pensamento que existiu. Isso abre espaço para você pensar o País.


CC: E como o senhor avalia o pré-sal?


YN: Neste contexto atual de crise, talvez seja muito importante. Agora tem outro fator, que é também muito importante e foi importante na transição de que falamos, do fim do século XIX e início do XX, para finalmente mudar o modelo em 1930. É que os países emergentes estão crescendo. Os países desenvolvidos é que vão declinar. E a estagnação, a crise dos países desenvolvidos, já está gerando imigração. A imigração não vai vir dos desempregados do mundo emergente, mas de gente qualificada do mundo desenvolvido, e isso já está acontecendo. Sei de empresas que estão trazendo engenheiros de Portugal, da Espanha. Então o nosso problema de qualificação vai ser resolvido pela vinda eventualmente de imigrantes, de gente qualificada. E isso vai obrigar os brasileiros a reagir. Se você demanda aprendizagem, as instituições que conseguem fazer o aluno aprender vão ser valorizadas. As que não fazem isso vão lá pra baixo. Esse pode ser um fator que dê impulso à produtividade e eficiência no Brasil. Essas coisas acontecem nesses momentos de crise, como aconteceu na década de 1870, em geral na Europa, a vinda maciça de imigrantes. E lógico que aí você precisa reduzir a burocracia de imigrantes no Ministério do Trabalho, que é um absurdo.


CC: o senhor acredita que a inclusão das classes emergentes tem fôlego para se manter nos próximos anos?


YN: Acho que tem. Na verdade, acho que o fundamental não foram os programas sociais. O que os programas fizeram foi importante, não estou desmerecendo. Mas o fundamental foi a mudança demográfica. Lá na década de 1970, a taxa de natalidade começou a cair. No inicio da década de 1980, já caiu. E a partir de 2004, a população jovem, de 18 a 24 anos, em termos absolutos começou a cair. Tinha 35 milhões, hoje deve ser de 33 milhões ou 32 milhões. A populacão está envelhecendo. Então é na base da pirâmide que o salário, está subindo. Acho que a imigração vai vir, mas não vai reduzir o salário porque vai vir gente de nível mais elevado e que tem salários melhores. Os emergentes também estão crescendo e têm essa imigração para disputar. Essa mudança demográfica mudou a dinâmica do mercado de trabalho. Em um conjunto enorme de setores, corno o custo de mão de obra era tão baixo, contratava-se gente muitas vezes de maneira informal. Agora teve não só de formalizar como pagar mais, então passa a ter a preocupação com produtividade. Basta ver o que acontece no mercado da construção. Se olhássemos uma obra, a ineficiência saltava aos olhos, viam-se trabalhadores tropeçando uns nos outros. As empresas agora têm de pagar mais, tem de ter menos gente, e vai ser necessário incorporar tecnologias com maior produtividade. E isso já está acontecendo. Prédios que levavam quatro anos para ser construídos agora são erguidos em 20 meses. Lá fora, constrói-se em seis meses. Esse tipo de avanço tecnológico está vindo e virá para todos os setores. Empresário que é empresário vai olhar e ver que existe um monte de oportunidades que ele pode fazer. O cara que estava despreocupado com inovação, que reclamava que o trabalhador custa caro, vai ver que não adianta, se ele não pagar mais não consegue.


(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

o GloboBO encontra campo fértil para disseminar o pânico e estimular uma onda de homicídios


Zé Cardozo não consegue
defender Dilma, a homicida


Conversa Afiada





Saiu no Globo, na manchete da primeira página e na página três texto que leva o incauto leitor à suposição de que a Presidenta Dilma induz ao homicídio, crime previsto no Código Penal:

“Suspenso plano contra homicídio”

“Governo engaveta projeto de redução de assassinatos e contraria Conselho de Segurança”

NAVALHA



A notícia é inverossímel em seus próprios termos.

Na verdade, segundo o Globo, que é capaz de qualquer coisa para derrubar um Presidente trabalhista, trata-se do adiamento da preparação de um plano que exige o apoio dos governadores.

É uma hipótese dentro de uma possibilidade.

Que enfrenta comportamentos diferentes dos governadores.

Em São Paulo, por exemplo, aumentou o número de homicídios e de latrocínios (na versão do Estadão).

Embora, para a Folha (*), como se sabe, São Paulo seja uma Chuíça (**).

No Rio, ao contrário, o número de homicídios cai consistentemente, por causa das UPPs, obra do governo do Estado e da Dilma e do Nunca Dantes.

Porém, de certa forma, o Globo encontra campo fértil para disseminar o pânico e estimular uma onda de homicídios.

Porque, da praia de Inema, em Salvador, a Presidenta, com o neto, trama uma onda de homicídios no Jardim Botânico, no Rio.

Porque, na mesma página, o ministro da Justica, o Zé Cardozo – clique aqui para saber por que os amigos do Dantas o chamam de Zé – não consegue articular uma oração subordinada completa em defesa dos programas de Segurança do Governo.

“Segurança pública exige uma avaliação global”, é uma das platitudes com que ele pretende defender o Governo da fúria piguenta.

Na cadeira de Ministro da Justiça já estiveram Nabuco de Araujo, Tancredo Neves, que defendeu Vargas até horas antes de o PiG desfechar o tiro no peito, Petronio Portela e José Carlos Dias, aquele que se coloca no ponto mais alto do Panteão Ministerial.

Ali está, agora, um ex-consultor de Daniel Dantas e, ainda por cima, medíocre.

Viva o Brasil !


Paulo Henrique Amorim


(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(**) Chuíça é o que o PiG de São Paulo quer que o resto do Brasil ache que São Paulo é: dinâmico como a economia Chinesa e com um IDH da Suíça.

Canoas: Território de Paz do bairro Guajuviras

Cidade gaúcha veio mostrar experiência em Genebra




Prefeito de Canoas, Jairo Jorge, explica a experiência na conferência de Genebra. (swissinfo)

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Por Tom Belmonte, swissinfo.ch

Na Praça Central de Canoas uma estátua denominada “O Futuro” exemplifica aquilo que a cidade, de 72 anos e 324 mil habitantes, situada no extremo sul do Brasil, persegue de forma incessante: a vanguarda nacional nas práticas sociais.


E é num desses campos, o da segurança pública, que a diretriz do protagonismo tornou-se real e com reconhecimento do velho mundo.

Convidada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) em novembro passado, Canoas foi a única cidade da América Latina a apresentar sua experiência na redução da violência e criminalidade no painel “Mayors and Local Authorities against armed violence”, da II Conferência Ministerial para o Exame da Declaração de Genebra sobre Violência e Desarmamento. O encontro ocorreu em Genebra, e reuniu representações de 95 países.

“Ir à Suíça nos orgulhou, pois mostramos o nosso Território de Paz, projeto implantado há dois anos no bairro Guajuviras, que era o mais violento do Brasil e onde obtivemos uma redução de 73% nos homicídios”, destaca o prefeito Jairo Jorge, do Partido dos Trabalhadores (PT), ao recordar a pejorativa alcunha de “Bagdá gaúcha” imputada à cidade, e hoje um dito a ser esquecido.

Em Genebra, Jairo esteve acompanhado de Regina Miki, secretária de Segurança Pública do governo Dilma Roussef. Explica-se: em 2009, Canoas foi escolhida pelo Ministério da Justiça para ser um dos pilares do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), menina dos olhos do então ministro da Justiça no governo Lula, Tarso Genro, hoje governador do estado do Rio Grande do Sul, onde está situada a cidade.

Na espinha dorsal do Pronasci a ideia de uma policia cidadã e de que segurança pública se faz com inclusão social, investimentos em tecnologia e inteligência policial e aproximação com a comunidade.

Taxa de homicídios recorde

O caminho para a construção dos bons resultados e do resgate da cidadania em Canoas e no bairro Guajuviras é explicada pelo prefeito Jairo Jorge. “Até 2008 as taxas eram de 47 homicídios a cada 100 mil habitantes na cidade, mas no Guajuviras esse indicador chegava a 70 a cada 100 mil”, conta ele.

A partir de 2009, o trinômio inclusão e coesão social, mais integração e policiamento comunitário e inteligência deu origem ao Território de Paz, projeto nascido de uma parceria com o governo federal.

Polícia como parceria da comunidade

Para realizar a inclusão social e colocar abaixo os indicadores criminais, o Território de Paz desdobra-se em ações culturais e educacionais com jovens, organizações de mulheres (Mulheres da Paz), Justiça Comunitária e o uso de mídias sociais, como a Agência Boa Notícia Guajuviras (ABNG), formada por jovens da comunidade e com a missão de pautar as boas práticas do bairro e informar a população. “Recuperar a autoestima dos moradores era fundamental no processo”, explica o prefeito Jairo Jorge.

Em paralelo, a Brigada Militar, autoridade responsável pelo policiamento preventivo, deu início ao policiamento comunitário, buscando a integração com os cidadãos do bairro. A iniciativa permitiu mapear os crimes por meio do Observatório de Segurança, organismo criado para levantar dados estatísticos e propor metodologias de ação policial e social a partir da realidade estudada.

Tecnologia anti-crime

Procurando aparelhar as polícias de equipamentos que permitissem o desenvolvimento dos sistemas de inteligência, cerca de 100 câmeras de videomonitoramento foram espalhadas pela cidade, boa parte no bairro Guajuviras.

A essa ação agregou-se um Centro Integrado de Segurança, reunindo organismos locais e estaduais e com ênfase no videomonitoraramento das áreas mais conflagradas da cidade.

Também no Guajuviras foi instalado um sistema de detecção de tiros – conhecido como ShotSpotter - e composto de supermicrofones, capazes de diferenciar um disparo de arma de fogo de um rojão ou do escapamento de uma motocicleta. Objetivo: reduzir homicídios e o uso de armas de fogo, permitindo as polícias um tempo de resposta mais rápido no atendimento de ocorrências.

A excelência desse sistema fez com que em novembro último o governo do Rio de Janeiro tenha resolvido fazer testes com o ShotSpotter, com suporte técnico de Canoas. Os supermicrofones deverão ser adotados em áreas das favelas da capital carioca como uma das medidas preventivas e de segurança à Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016.



Vista de do bairro Guajuviras, território de paz (swissinfo)

Queda nos homicídios

A insistência e permanência nos projetos sociais, aliado ao depuramento das ações integradas das polícias, resultaram na redução de 73% dos homicídios no bairro Guajuviras no período de dois anos. O impacto na cidade foi de 43% no mesmo indicador.

“Isso representa 28 homicídios por 100 mil habitantes entre janeiro e setembro de 2009, quando o programa foi iniciado, para 16 homicídios por 100 mil habitantes, no mesmo período deste ano”, exalta o prefeito Jairo Jorge. Já a redução no uso de armas de fogo, que em 2010 estiveram presentes em 80% dos assassinatos em Canoas, foi de 5,5% na cidade e de 24,3% no Guajuviras. A taxa de homicídios, por sua vez, caiu de 48,1% para 12,6% no Guajuviras e de 28,4% para 16,1% na cidade.

“O Território de Paz mostrou que com participação popular e resgate da autoestima, uso da tecnologia e policiamento comunitário podemos transformar em realidade as palavras do reverendo e pacifista Abraham Johannes Muste, de que não existe um caminho para a paz, a paz é o único caminho”, argumenta o prefeito.

Formando jornalistas-cidadãos

Agraciada no final deste ano com o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, na categoria Mídia e Direitos Humanos, do governo brasileiro, a Agência da Boa Notícia Guajuviras (ABNG) dá oportunidade aos jovens de 11 a 24 anos, que divulgam boas notícias sobre o bairro e sua comunidade e, com isso, obtêm aprendizado técnico em oficinas de fotografia, televisão, rádio, jornal e web.

“A ABNG tem papel fundamental na redução da violência no bairro e forma jovens jornalistas-cidadãos, protagonistas da reversão da imagem negativa do bairro, por meio das boas notícias que produzem”, explica a jornalista Andrea de Freitas, coordenadora da agência.

Novo Território de Paz

A experiência vencedora do Território de Paz do bairro Guajuviras rendeu frutos. Em outubro último os bairros Mathias Velho e Harmonia, que abrigam 27% da população de Canoas, viram o surgimento do Território de Paz do Mathias Velho. Com propósito de combater a criminalidade e consolidar a integração comunitária pela segurança 90 ações iniciais estão previstas para a região.


Tom Belmonte, swissinfo.ch

Porto Alegre

Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros para pessoas teimosas, mas quando um ignorante quer ser ignorante, não adianta nem desenhar que ele não vai entender.

Desenhando para os teimosos os direitos de LGBT


mariafro

Via Eleições Hoje: Explicando direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros para pessoas teimosas.

Para ver a imagem em tamanho maior clique aqui


Chávez: A conduta desta elite não surpreende pelo venenoso egoísmo e insensibilidade


Venezuela e os novos desafios


Por Beto Almeida


A semana que antecedeu o Natal em Caracas, permitiu observar aspectos importantes da cena política e social venezuelana, bem como compreender a dimensão dos desafios que a Revolução Bolivariana tem pela frente para seguir aprofundando um conjunto de medidas de sentido socialista.


Pois foi no período natalino, quando mais se pronuncia - e em grande parte em vão - a palavra solidariedade, que a Revolução Bolivariana se destaca por renovar a ajuda que, há oito anos, é destinada a comunidades pobres dos EUA, por intermédio da empresa estatal Citgo, subsidiária da PDVSA, a Petrobrás venezuelana. A cada inverno no hemisfério norte, que costuma ser rigoroso e causar mortes entre as famílias mais pobres, o governo Chávez doa um estoque de combustíveis para milhares cidadãos carentes de várias cidades dos EUA usarem em seu aquecimento doméstico.





Vale lembrar: recentemente as verbas oficiais utilizadas na compra destes insumos para proteção do frio foram cortadas pela insensibilidade do presidente Barack Obama. Isto, no mesmo ano em que os EUA multiplicaram seu orçamento bélico e quando sustentou, em conjunto com os endividados países da OTAN, 203 dias ininterruptos de demolidor bombardeio a Líbia. O que explica a nova alcunha do mandatário: Barack Obomba...Curioso foi notar que esta notícia foi publicada no jornal “El Nacional”, como a insinuar que seria absurdo Chávez preocupar-se com os pobres dos EUA. Registre-se: a tiragem deste jornal já alcançou 400 mil exemplares diários quando Chávez foi eleito, e agora, depois de 12 anos de editorialismo anti-chavista, e muito anti-jornalismo, a tiragem reduziu-se a 40 mil exemplares.


O reconhecimento da Cepal


Por falar em solidariedade prá valer, o período natalino coincidiu com a divulgação de Relatório da Cepal, intitulado “Panorama Social da América Latina 2011”, no qual se revela que, dentro de um quadro geral de redução da pobreza na região, é a Venezuela o país que registra a melhor distribuição de recursos orçamentários. Segundo a Cepal, no período compreendido entre 1990 e 2010 a taxa de pobreza na América Latina foi reduzida em 10 pontos percentuais, enquanto que na Venezuela, a redução da pobreza alcançou a cifra de 20 pontos percentuais considerando o período de 2002 a 2010.


Dados oficiais indicam ainda que a partir do início da Revolução Bolivariana até hoje, a Venezuela teve quase duplicada a sua taxa de investimento social, passando de 36 por cento em 1999, para 62 por cento na atualidade. Isto inclui vastos investimentos em educação que permitiram ao país ser reconhecido, pela UNESCO, como Território Livre do Analfabetismo. E também em saúde, pois hoje, a Venezuela já registra 90 por cento de abastecimento de água potável, sendo considerado, pela ONU, o país que melhor cumpre os Objetivos para Desenvolvimento do Milênio (ODM), na América Latina.


Petróleo e solidariedade


Todos estes e outros programas sociais tiveram sustentação fundamental na enorme renda petroleira da PDVSA. Razão pela qual o Presidente Hugo Chávez já polemiza com os vários pré-candidatos conservadores para a eleição de outubro de 2012, pois pretendem ver a empresa estatal dedicada apenas à compra e venda de petróleo e seus derivados, abandonando a missão social-transformadora que lhe foi assegurada pela Revolução Bolivariana.


“A eleição de 2012 será entre Chávez e os ianques”, disse o presidente bolivariano, acusando os direitistas de serem “apenas a voz da burguesia nacional e estrangeira”. Ao analisar o discurso do campo conservador, pode-se perceber realmente a intenção de fazer a Venezuela retroceder à era da “Maldição do Petróleo”, expressão utilizada para caracterizar países que, por sua riqueza petroleira, são condenados à cobiça imperial e a esmagar seu próprio povo em torturantes misérias sociais.


Enfrentar a pobreza extrema


Ainda não se sabe qual será o candidato da oposição para disputar com Hugo Chávez. Sabe-se apenas que todos os que se apresentam hoje são favoráveis ao retorno a uma relação de dependência ante aos EUA, e à anulação dos programas de industrialização, bem como dos programas sociais, considerados apenas assistencialismo, no que são apoiados por parte de uma intelectualidade desorientada.


Tal como o conservadorismo brasileiro, a oposição a Chávez percebe os efeitos largamente estruturantes que os programas sociais, lá batizados de Missão, carregam. Conduzem a uma relação mais direta com o estado, elevando o grau de cidadania, propiciando que populações historicamente marginalizadas de tudo, dos serviços públicos, da cultura, do consumo necessário e também da participação política, sintam-se reconhecidos.


A Missão Amor Maior, destina-se a apoiar aos homens maiores de 65 anos e mulheres de 60 anos que vivem em famílias com renda inferior a um salário mínimo. Após cadastrados, passam a receber uma renda mínima, mesmo que jamais tenham recolhido qualquer contribuição ao estado antes. No caso de cidadãos estrangeiros, poderão ser atendidos, desde que comprovem moradia na Venezuela por no mínimo 10 anos. Vale lembrar que a Venezuela, com quase 30 milhões de habitantes, possui pelo menos 4 milhões de colombianos refugiados da guerra entre as Farc e o Exército e paramilitares. Mas os colombianos também recebem documentação, têm acesso igualitário aos serviços de saúde (são atendidos também por médicos cubanos), às creches e às políticas sociais como os Mercals, mercados itinerantes organizados pelo estado, com preços 30 por cento em média mais baixos que no comércio normal.


Sabe-se que até mesmo as elites conservadoras, disfarçadas, já fazem compras nos Mercals, um reconhecimento involuntário de sua eficiência, muito embora mantenham a crítica aos programas de Chávez. A conduta desta elite não surpreende pelo venenoso egoísmo e insensibilidade: quando noticiou-se a enfermidade de Chávez um manto de silencio e tristeza abateu-se sobre a população de Caracas. Minutos depois, apenas nos bairros ricos, ouviu-se foguetório e comemoração, o que indica a baixa estatura moral desta gente para pretender governar um país com a digna história e a potencialidade da Venezuela.


Planificar, planificar, planificar


Em reunião do gabinete de governo, televisionada ao vivo pelo Canal 8, Chávez insistia na necessidade uma planificação superior, mais ordenada, capaz de descobrir e atender as necessidades da população mais carente. Por isso, por meio de um programa chamado Missão Vivenda (Moradia), o estado está buscando saldar o déficit habitacional venezuelano, um país conhecido por imensas favelas narradas nas canções rebeldes de Ali Primera, sem água tratada, sem eletricidade, barracos construídos em locais inadequados. Como no Brasil.


Mas, a planificação estimulada por Chávez visa não apenas atender às famílias cadastradas na Missão Vivenda, que prioriza as 30 mil famílias desabrigadas pelas chuvas de dezembro de 2010, mas também organizar para que estas famílias possam encontrar emprego ou fazer um curso profissionalizante, com bolsas também fornecidas pelo estado. Isto tem que estar contido na planificação estatal. Seguir o pobre até o fim da linha, até sua inserção no sistema de trabalho ou de estudo.


Similaridades


Um outro programa, batizado de Missão Filhos da Venezuela, destina-se a atender a todas as famílias com renda inferior a um salário mínimo, com filhos com idade até 17 anos, e também aquelas famílias carentes com pessoas com alguma necessidade especial em sua casa. Há ainda a preocupação em atender as adolescentes grávidas o que provocou críticas da imprensa conservadora insinuando que tal missão vai estimular a gravidez precoce.


A resposta de Chávez pela tv, com sua comunicação clara e popular, não se fez esperar: “O que quer a oposição? Que abandonemos as adolescentes grávidas à sua própria sorte?“ A prioridade nesta planificação superior sublinhada por Chávez deve ser a construção de uma engrenagem que conecte os programas sociais a uma profissão e a um emprego, priorizando sobretudo a pobreza extrema.


Informação e cidadania


Há similaridades com o Programa Bolsa Escola e com Brasil Sem Miséria, agora complementado pelo Viver Sem Limite, que buscam a pobreza mais extrema que ainda não tinha sido alcançado pelos programas sociais anteriores. E com um olhar especial para as famílias com pessoas com necessidades especiais. Na Venezuela, as famílias serão visitadas por brigadistas, casa por casa. As TVs estatais, ao longo de sua transmissão, informam numa faixa na parte inferior da tela, em que lugar podem ser feitas as inscrições para cada um destes programas, em casa cidade, em cada bairro, em cada endereço...


Aqui, o Programa Voz do Brasil, que informa positivamente sobre quando recursos do MEC ou do Ministério da Previdência chegam aos municípios, poderia também ser utilizado de forma mais ampla para informar sobre os programas sociais do governo Dilma.


Enquanto os pré-candidatos oposicionistas a Chávez recebem amplo apoio dos centros informativos vinculados aos EUA - afinal, será quem dará a última palavra sobre quem será o candidato da direita, como ocorreu nas recentes eleições na Nicarágua e Guatemala - não surpreende que a agenda política da oposição já esteja traçada.


Prioridade número um, claro, derrotar Chávez. Depois, anular totalmente o papel da PDVSA como alavanca dos programas sociais da Revolução Bolivariana. Além disso, desmontar a política externa bolivariana, que prioriza a integração latino-americana, tendo como conquista mais recente o apoio à fundação da CELAC (Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos), que prepara o funeral da funesta e colonialista OEA.


Integração em marcha


Outros instrumentos, que estão sendo implementados pela política externa bolivariana, entre eles o Banco do Sul, a Alba e, mais recentemente, o Banco da Petrocaribe, também são alvo da sanha destruidora da direita. Tais instrumentos fortalecerão ainda mais operações econômicas e comerciais integracionistas, como, por exemplo, a constante nos vários acordos firmados entre Dilma Roussef e Hugo Chávez agora em dezembro, que prevê a compra, pela Venezuela, de 20 aeronaves da Embraer para fortalecer a Conviasa, estatal que recuperou a aviação civil venezuelana.


Aliás, exemplo que poderia estimular a criação, no Brasil, de uma empresa pública de aviação para explorar o enorme potencial de aviação regional, lacuna de difícil explicação num país com indústria aeronáutica do porte da Embraer. Vale lembrar, há 3 anos, a operação de compra de 150 aviões Tucanos da Embraer pela Venezuela, foi vetada pelos EUA, o que não teria ocorrido se a soberania brasileira sobre a empresa não tivesse sido destruída pela privataria tucana.


Ciência da tática


Revelando provavelmente intenções sinistras, um dos candidatos da direita contra Chávez, um jovem rico chamado Leopoldo López, atual prefeito de um município colado à cidade de Caracas, anunciou a contratação do ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe, marcado pela organização do macabro para-militarismo, para assessorar os programas de segurança de sua prefeitura. Preocupante: com Uribe presidente, Colômbia e Venezuela romperam relações e estiveram a ponto de um conflito armado.


Com a ciência da tática, Hugo Chávez busca afastar a Colômbia da agenda belicista do Pentágono, desenvolvendo acordos com o presidente José Manuel Santos que complementam segmentos econômicos dos dois países - que um dia foram uma só pátria, na era Bolívar -, inclusive ampliando o comércio bilateral que leva setores industriais colombianos a ver na Venezuela um mercado em expansão, dado a elevação do poder aquisitivo dos venezuelanos.


Com esta tática, se enfraquecem os segmentos da oligarquia colombiana que apostam numa agenda bélica entre os dois países em sintonia com o Pentágono. A crise do capitalismo e, nos EUA em particular, favorece a visão de que a integração latino-americana, baseada na cooperação, exige outras políticas da Colômbia, como de certa forma pode ser lido face à vitória das forças progressistas nas eleições de Bogotá. O que tende a dar mais prazos históricos de consolidação da Revolução Bolivariana.


Percebe-se, em Caracas, o fortalecimento da consciência solidária real. Não apenas natalina, passageira, retórica. Enquanto a Europa capitalista em crise assiste, estarrecida, a demolição dos direitos do Estado do Bem-Estar Social, a Venezuela bolivariana amplia direitos, reparte riqueza e prepara-se para ter uma nova Lei Orgânica do Trabalho. Exemplo disso é que grande parte das famílias desabrigadas pelas chuvas de dezembro passado foram acolhidas em Refúgios organizados e patrocinados por cada Ministério e cada empresa estatal.


Até mesmo a Telesur, que além de promover um jornalismo de integração, transformando a informação em ferramenta solidária entre os povos, organizou o seu Refúgio em um imóvel utilizado para depósito, sendo reformado e adaptado para abrigar 27 famílias flageladas. Ali elas encontram teto, comida, atendimento médico-odontológico e esperam, de modo decente, pela conclusão de 140 mil unidades residenciais que estão em fase de conclusão nos próximos dias. Neste programa habitacional, há uma importante cooperação com a Caixa Econômica Federal, parte dos acordos firmados entre Lula e Chávez e ampliados, recentemente, entre Dilma-Chávez.


Desafios


Lendo os jornais oposicionistas que circulam livremente em Caracas, nada disso se percebe. Não se tem notícia de um país que finalmente está utilizando a renda petroleira para industrializar-se, construindo infra-estrutura, com a participação do BNDES e empresas brasileiras, que operam na ampliação das várias linhas do moderno metrô caraquenho ou de teleféricos que atendem os bairros pobres nos morros, como San Agustín, assegurando um transporte decente para famílias carentes, tal como também no Complexo do Alemão. Indústria de automóveis e tratores iranianas, de caminhões e bicicletas chinesas, estão sendo implantadas. Um país que há 12 anos importava até alface de avião de Miami, já possui uma nova lei de terras e avança na construção de uma economia agrícola que nunca teve durante a maldição do petróleo. De importadora de fósforo a roupas, a Venezuela já exporta principalmente exemplos.


Mas, vale ressaltar, nada disso encontra-se nas páginas da imprensa conservadora. Mas, aos domingos, ao caminhar pelo centro de Caracas, já se nota uma cidade mais limpa, com uma coleta de lixo que funciona e com uma massa de caraquenhos que, ao sair do metrô e sentar num café ou num banco do Boulevar de Sabana Grande, recebe gratuitamente o jornal Ciudad Caracas (350 mil exemplares), em cujas páginas afloram os desafios bolivarianos: reduzir a abstenção eleitoral e assegurar, uma vez mais, pela via do voto popular e direto, que este processo transformador bolivariano, generoso e humanista, siga aprofundando-se. E com ele, a integração latino-americana baseada na cooperação e solidariedade entre os povos.


* Beto Almeida é membro da Junta Diretiva da Telesur