quarta-feira, 22 de junho de 2011

água e vinho = vinagre

Mídia e intelectualidade – necessidade de aproximação



 
Alexandre Haubrich

Diz um jornalista marginal que hoje os jornalistas funcionários das grandes empresas de comunicação não passam de cumpridores de tarefas. Assino embaixo. A mídia brasileira está cada vez mais afastada da intelectualidade. Se os grandes nomes do jornalismo de décadas recentes eram intelectuais forjados em mesas de bar, em contato com o povo, com a rua, os mais famosos jornalistas atuais são os mais fiéis empregados dos grandes conglomerados. Se o olhar apurado, a capacidade crítica e a qualidade textual eram os requisitos para bom jornalismo, vestir a camisa da empresa e virar as costas para as ruas são as atitudes mais valorizadas.

Digo tudo isso porque o dia 21 de junho é, ironicamente, o Dia da Mídia e o Dia do Intelectual. Dois conceitos que cada vez têm menos a ver um com o outro. A mídia está cada vez mais afastada não apenas do intelectual clássico, mas da própria atividade intelectual propriamente dita. Muitas faculdades de jornalismo ensinam a apertar botões, não a pensar. O raciocínio, o olhar e a crítica são exercitados em acordo com os interesses empresariais e publicitários, afastados dos interesses públicos.

Mas mídia não são apenas os conglomerados de comunicação. Segundo o Dicionário Web, mídia é “qualquer suporte de difusão de informações que constitua simultaneamente um meio de expressão e um intermediário capaz de transmitir uma mensagem a um grupo”. Mídias são também blogs, redes sociais, cartazes, muros.

Ainda segundo o Dicionário Web, intelectual é “pessoa que se ocupa, por gosto ou profissão, das coisas do espírito”. Se os jornalistas das grandes redações afastam-se paulatinamente do trabalho intelectual, levados a isso pela coerção sistêmica e midiático-empresarial, das “coisas do espírito”, não quer dizer necessariamente que a mídia toda precise fazer isso. A ocupação do enorme espectro de mídia por pessoas e organizações valorizem o trabalho intelectual é um caminho importante para aproximarmos o novo jornalismo das pessoas, humanizando sua prática.

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