terça-feira, 29 de maio de 2012

Viva Manoel de Barros!


Leia poema inédito de Manoel de Barros



Poeta matogrossense, de 96 anos de idade, foi condecorado em Lisboa com o Prêmio Casa da América Latina





Manoel de Barros é o primeiro autor brasileiro a receber o Prêmio de Literatura Casa da América Latina/Banif, instituído em Portuagal em 2005.

Segundo o jornal “Público”, a “Poesia Completa” (no Brasil, lançado pela ed. Leya), de Manoel de Barros foi unanimidade entre os jurados, constituído por Maria Fernanda de Abreu, presidente do júri, pelo poeta e professor universitário Fernando Pinto do Amaral e pelo poeta José Manuel de Vasconcelos, representando a Associação Portuguesa de Escritores. É o primeiro livro de poesia a receber esse prêmio.

Impossibilitado de comparecer ao evento, sua filha, Martha Barros, receberá o prêmio oficialmente. O escritor, porém, fez questão de agradecer com um poema inédito.

Manoel de Barros, que nasceu em Dezembro de 1916 em Cuiabá, no Estado de Mato Grosso, foi considerado por Carlos Drummond de Andrade o “poeta maior” do Brasil e obteve ao longo da sua longa carreira importantes prêmios literários, como o Prêmio Nacional de Poesia (1966), o Prêmio Jabuti (1989 e 2002) e o Prêmio da Academia Brasileira de Letras (2000).

Leia abaixo o poema Inédito de Manoel de Barros:

Fôssemos merecidos de água, de chão, de rãs, de árvores, de brisas e de graças!
Nossas palavras não tinham lugar marcado. A gente andava atoamente em nossas origens.
Só as pedras sabiam o formato do silêncio. A gente não queria significar, mas só cantar.
A gente só queria demais era mudar as feições da natureza. Tipo assim: Hoje eu vi um lagarto lamber as pernas da manhã. Ou tipo assim: Nós vimos uma formiga frondosa ajoelhada na pedra.
Aliás, depois de grandes a gente viu que o cu de uma formiga é mais importante para a humanidade do que a Bomba Atômica.


O grande poeta brasileiro vivo: Manoel de Barros



Diário Gauche




Fôssemos merecidos de água, de chão, de rãs, de árvores, de brisas e de graças!
Nossas palavras não tinham lugar marcado. A gente andava atoamente em nossas origens.
Só as pedras sabiam o formato do silêncio. A gente não queria significar, mas só cantar.
A gente só queria demais era mudar as feições da natureza. Tipo assim: Hoje eu vi um lagarto lamber as pernas da manhã. Ou tipo assim: Nós vimos uma formiga frondosa ajoelhada na pedra.
Aliás, depois de grandes a gente viu que o cu de uma formiga é mais importante para a humanidade do que a Bomba Atômica.  



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Eu diria que o cu de uma formiga é mais importante do que o rei da Espanha, do que a Merkel e do que o Dr. Thomas, juntos. Todo esse lixo humano do século 20 e 21 não valem o cu de uma formiga.


Viva Manoel de Barros!

  

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