Minha reposta aos colorados Siegmann, Aod e Felipe Vieira
Juremir Machado da SilvaSegundo o grande escritor argentino Borges, a realidade gosta de assimetrias e de leves anacronismos.
Eu também.
Meu talentoso colega Felipe Vieira me critica por não querido buscar certas respostas.
É que ele queria que eu buscasse as respostas oficiais já sabidas.
Não vi nos seus discursos qualquer posicionamento de quem dissentisse do discurso oficial.
No jargão jornalístico, não vi o outro lado. Devo ter me distraído.
As exposições de Felipe coincidem sempre com as da atual direção do Inter.
Deliciosa assimetria ou leve anacronismo?
As respostas vieram a mim. Já estão publicadas aqui.
A argumentação de Siegmann é a mais interessante.
Tenho direito aos meus gostos e apreciações.
Com sua ponderação e elegância, Siegmann parece sugerir, salvo se estou interpretando mal, que um bando de incompetentes e predadores – no sentido neutro desta palavra – passou por cima do Beira-Rio.
Não duvido de coisa alguma.
Até dois meses atrás eram todos amigos.
Aod Cunha tem razão num ponto: ele não disse que o Inter está quebrado.
Eu entendi assim. Falha minha. Dou a mão à palmatória.
Inferi isso da situação financeira exposta: déficit estrutural, impossibilidade de continuar a obra sem parceria, etc.
Apesar de Aod não ter dito isso literalmente, é o que continuo concluíndo da situação descrita.
Mas grande clube de futebol brasileiro, logicamente, não quebra. Toca em frente.
Logo dizer que um clube está quebrado é um contrassenso.
Aod não faria isso. Nem fez.
Quanto ao déficit zero do governo Yeda, Aod terá de entender-se com muita gente além de um cusco como eu, a começar com os economistas, sem contar o atual secretário da Fazenda, Odir Tonollier.
O economista e professor Leandro Lemos diz que o déficit zero "é simplesmente uma forma de não pagamento de certas obrigações". O economista Darcy Francisco Carvalho dos Santos, no seu blog, diz: "Há uma tese de que o déficit só foi zerado, porque não foram destinados recursos para educação e saúde no montante suficiente para atender as vinculações constitucionais. Olhando sob esse ângulo, a tese é verdadeira, porque para atender o que determina a Constituição Estadual, para a educação, e a Constituição Federal, para a saúde, faltaram mais de R$ 2,1 bilhões".
Eu, do alto da minha sabedoria econômica, pontifico, imitando um economista com quem falei: quem ainda não pagou suas dívidas vencidas, não tem déficit zero. O resto é metafísica econômica. Se deixo de gastar o que tenho obrigação de gastar ou pagar, contestando até a lei, posso até produzir superávit. Alguns chamam isso de pirotecnia de gestão.
Aod terá todo o direito de decretar que sou ignorante.
É o mais simples.
Assim como o mais simples para o Inter é a parceria com a AG.
Aod reclama que não o ouvi.
Não vejo a razão que me levaria a ter de ouvi-lo se quiser criticá-lo.
Não fiz uma reportagem.
Em todo caso, a sua manifestação está publicada, disponível a qualquer um no mundo.
Continuo achando que seu papel tem sido hiperdimensionado.
Continuo pensando que ele representa uma ideologia muito nítida.
Continuo pensando, como outros, inclusive o insuspeito colorado Ibsen Pinheiro, que o Inter tem melhores alternativas para reformar o Beira-Rio e ter a Copa do Mundo do que se casar por 20 anos com a Andrade Gutierrez.
Teve certamente muitas propostas. Ouvi falar de uma da Bancorp que envolveria o American Express e a carteira de associados do Inter. Por que o Inter não botou logo todas as cartas na mesa?
Transparência só faz bem.
Aod garante que a Engevix não fez proposta pela metade do preço da AG.
Minha fonte das entranhas coloradas fez os cálculos e assegura que dá, na totalidade da operação, levando-se em consideração o tempo da parceria e as condições impostas, até menos da metade.
Não revelo a fonte nem morto. A lei me protege.
Eu tenho essa hábito que muito me custa de dificilmente compartilhar pontos de vista oficiais.
Postado por Juremir Machado da Silva - 08/03/2011 16:37 - Atualizado em 08/03/2011 17:26
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