sábado, 18 de dezembro de 2010

um bom salário esse proposto... o Baitasar aprova

Raul Pont: PT quer vincular reajuste dos deputados ao aumento do salário mínimo

O deputado estadual Raul Pont informou hoje que a bancada do PT está trabalhando junto às demais bancadas da Assembleia para vincular o reajuste salarial dos parlamentares ao aumento do salário mínimo. A proposta é que seja concedido aos deputados o reajuste do salário mínimo nos últimos quatro anos, período em que os parlamentares não tiveram aumento salarial. Se a proposta for acolhida pelas demais bancadas, o reajuste ficará em torno de 34%. Os vencimentos dos deputados, neste cenário, passariam para R$ 15.600,00, abaixo dos R$ 20.042,00 equivalentes aos vencimentos dos deputados federais.

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BAITASAR

O Baitasar é um desses amigos (que a vida se encarrega de encontrar e nos oferece sem perguntas; alguns de vocês já conhecem o sujeito, ele é indomável no seco) do blog do mauro (levanta num sábado cedinho e grita na minha janela que a notícia não espera; ele, aqui, chega e sai na hora que lhe aprovam as vontades), cuja função, indeterminada em consenso, é acionar o controle remoto do televisor sempre que sentir uma sensação desagradável e imprecisa (vez que outra, o sacrifício desta miséria do cotidiano, reclama um reposuo, então, ele aparece cedinho e tomamos um café preto no buteku da ladeira), jura que motivos não faltam para estar inconformado, bem mais importantes que ficar cuidando salário de deputado

"O problema é o salário do trabalhador... muito pequenino e distorcido do tamanhão dos lucros"

Hoje, ele chegou com o controle remoto em uma das mãos e o novo brinquedo, na outra mão. Pergunto o que ele pretende com aquele cachimbo

"Entortar o cachimbo."

Todos na redação - eu - dou uma sonora gargalhada e corrijo o elefante branco desta casa de notícias sujas copiadas e coladas, escuta Baitasar, é o contrário, o uso do cachimbo entorta a boca

"E eu não sei? Mas a boca também entorta o cachimbo."

Repito ao elefante branquela que tenho minhas dúvidas

"Eu também."

Então, é teimosia, mesmo

"É o controle remoto que precisa ser usado pra entortar o cachimbo."

Digo que não entendi e peço que se explique

"Pensa... mais gente começa a usar o controle remoto, essa outra gentiii da televisão vai ter que se curvar ao clamor das poltronas e sofás."

Pergunto como vão se curvar

"Fazendo programas de televisão inteligentes, para uma humanidade solidária, amorosa... construída com todos incluídos num mundo menos elitista, preconceituoso, autoritário e desigual."

Descemos a ladeira conversando sobre cachimbos, bocas e controles remotos, quando entramos a Teresinha nos recebe com um bom dia cheio de tristeza.

O Baitasar não percebe o desalento da nossa amiga de poucas palavras

"Essa daí tem muita formosura."

Pergunto à Teresinha a razão da tristeza. Ela não responde (nunca responde).

Fica em pé, com o bloco de preços na mão, como uma soldada atenta, antes de se entregar ao sono. O avental com as mesmas manchas de ontem

"Terê, aquele café preto bem forte e sem açúcar."

Quando ela se vira para dar cumprimento às ordens, o Baitasar a segura levemente pelo braço

"Terê, por que a moça ta nessa tristura?"

"Não é nada, seu Baitasar."

"Como assim, nada, a moça ta numa tristura de dar dó."

Ela fica em silêncio, eu e o Baitasar ficamos em mudez de espera, ouvíamos o seu hálito indo e vindo da garganta

"É o seu Sílvio..."

Eu e o Baitasar nos olhamos, não conheço nenhum Sílvio

"Eu também não lembro de ninguém com esse nome."

É a primeira vez que ela fica impaciente enquanto nos dá atenção de atendimento

"Em que mundo vocês vivem? E se dizem jornalistas de internet. Os amigos do seu Sílvio roubaram o dinheiro dele, sem ele saber, agora o seu Sílvio vai ter que vender a televisão."

O cachimbo entorta a boca do Baitasar.

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