Raiva e extremismo na oposição americana
Somos andando
Não venho justificar ou defender nossa oposição raivosa e conservadora, mas o fato é que, se comparada à oposição americana, os tucanos parecem até cachorrinho de pelúcia.
Nos EUA, há dois problemas importantes no papel da oposição.
Um deles é o excesso de ódio, a sanha de transformação da discussão política em matéria de polícia. Vimos neste fim de semana um crime que atingiu 22 pessoas, entre mortos e feridos. Foi em uma reunião do Partido Democrata que o maluco entrou atirando, em uma atitude que exacerba qualquer convívio civilizado e democrático de troca de ideias. Seis pessoas morreram, e uma deputado do Partido Democrata está gravemente ferida. E não é a primeira vez que algo assim acontece. “Seja na esfera política, como na social, a válvula de escape norte-americana é representada por eclosões periódicas de violência”, diz Cristina Soreanu Pecequilo, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
O outro problema é a intensidade do conservadorismo do Partido Republicano norte-americano, de dar inveja ao finado Prona brasileiro – até porque lá ele tem uma relevância muito maior que a sigla tornada famosa pela figura de Enéas no Brasil, que não chegava a influenciar a agenda de discussões.
No sistema político bipartidário americano, é mais rígida a oposição entre apenas duas ideologias, de forma que cada uma dessas ideologias se fortalece, sem a disputa de espaço com outras siglas menores – que até existem, mas de forma completamente periférica. Vale ressaltar que essas ideologias – dos partidos Republicano e Democrata – não são extremamente diferentes; uma é apenas mais radicalmente de direita, enquanto a outra tenta ainda implementar algumas medidas sociais – uma direita mais moderada.
É de assustar não só o extremismo, mas a abrangência que o conservadorismo vem conquistando nos Estados Unidos. O movimento Tea Party, ligado aos republicanos, é a consolidação institucional de uma visão mais ampla de parcela da sociedade. Além de tentar frear a reforma no sistema de saúde, os republicanos querem, segundo a Carta Capital, “combater programas de gasto social, regulamentos para limitar os gases de efeito estufa e a proposta de reforma migratória, aprovando leis anti-imigrantes”.
Se a esquerda, por definição, se caracteriza por buscar justiça e igualdade, esses conservadores podem, com toda a certeza, ser enquadrados em uma direita extrema, daqueles que buscam perpetuar as desigualdades. Este, afinal, é o resultado de não promover uma reforma no sistema de saúde – que prejudica os mais pobres -, de não gastar em programas sociais, de não investir em meio ambiente – para garantir o lucro das grandes empresas – e de fortalecer o preconceito contra os imigrantes.
Lembra um tanto a oposição brasileira, mas com requintes de crueldade.
Nos EUA, há dois problemas importantes no papel da oposição.
Um deles é o excesso de ódio, a sanha de transformação da discussão política em matéria de polícia. Vimos neste fim de semana um crime que atingiu 22 pessoas, entre mortos e feridos. Foi em uma reunião do Partido Democrata que o maluco entrou atirando, em uma atitude que exacerba qualquer convívio civilizado e democrático de troca de ideias. Seis pessoas morreram, e uma deputado do Partido Democrata está gravemente ferida. E não é a primeira vez que algo assim acontece. “Seja na esfera política, como na social, a válvula de escape norte-americana é representada por eclosões periódicas de violência”, diz Cristina Soreanu Pecequilo, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
O outro problema é a intensidade do conservadorismo do Partido Republicano norte-americano, de dar inveja ao finado Prona brasileiro – até porque lá ele tem uma relevância muito maior que a sigla tornada famosa pela figura de Enéas no Brasil, que não chegava a influenciar a agenda de discussões.
No sistema político bipartidário americano, é mais rígida a oposição entre apenas duas ideologias, de forma que cada uma dessas ideologias se fortalece, sem a disputa de espaço com outras siglas menores – que até existem, mas de forma completamente periférica. Vale ressaltar que essas ideologias – dos partidos Republicano e Democrata – não são extremamente diferentes; uma é apenas mais radicalmente de direita, enquanto a outra tenta ainda implementar algumas medidas sociais – uma direita mais moderada.
É de assustar não só o extremismo, mas a abrangência que o conservadorismo vem conquistando nos Estados Unidos. O movimento Tea Party, ligado aos republicanos, é a consolidação institucional de uma visão mais ampla de parcela da sociedade. Além de tentar frear a reforma no sistema de saúde, os republicanos querem, segundo a Carta Capital, “combater programas de gasto social, regulamentos para limitar os gases de efeito estufa e a proposta de reforma migratória, aprovando leis anti-imigrantes”.
Se a esquerda, por definição, se caracteriza por buscar justiça e igualdade, esses conservadores podem, com toda a certeza, ser enquadrados em uma direita extrema, daqueles que buscam perpetuar as desigualdades. Este, afinal, é o resultado de não promover uma reforma no sistema de saúde – que prejudica os mais pobres -, de não gastar em programas sociais, de não investir em meio ambiente – para garantir o lucro das grandes empresas – e de fortalecer o preconceito contra os imigrantes.
Lembra um tanto a oposição brasileira, mas com requintes de crueldade.