sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

um Estado que falha com seu povo durante 500 anos

“O Estado brasileiro falhou”, diz ministro da Justiça sobre tragédia no Rio


Cardozo lamentou as mortes no Estado e disse que o governo está mobilizado para ajudar

Priscilla Mendes, do R7, em Brasília

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo disse nesta sexta-feira que o governo brasileiro, em sua história, falhou em relação à ocupação do solo no país. Em relação à tragédia das chuvas no Estado do Rio de Janeiro, em que mais de 500 pessoas morreram, ele diz que “pessoas pagam com suas vidas o peso de um conjunto de problemas”.

- As pessoas não moram, muitas vezes, em áreas de risco porque querem. Moram porque não têm onde morar e aí o Estado brasileiro, na sua história, efetivamente falhou e hoje pessoas pagam com suas vidas o peso desse conjunto de problemas.
Cardozo concedeu uma coletiva de imprensa após a posse do novo diretor-geral da polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra.

O ministro disse que a culpa pelas tragédias – além do alto índice pluviométrico – não é de “uma ou duas pessoas”, mas sim, da história do país, destacando a forma “irresponsável” pela qual o solo é ocupado no Brasil.

- Além de uma situação de irresponsabilidade de ocupação do solo, há também uma coisa que não podemos esquecer que é a necessidade econômica. O que afasta pessoas mais pobres para áreas de risco é justamente uma ausência de política de moradia histórica no Brasil.

O ministro disse que a pasta está “fazendo a sua parte” e que enviou ao Estado 215 homens da Força Nacional, além de policiais militares, bombeiros, legistas e helicópteros. Nesta quinta-feira (13), Cardozo e outros ministros visitaram, ao lado da presidente Dilma Rousseff, as regiões afetadas pela chuva no Rio de janeiro.

- Foram cenas muito tristes. Aqui fica nossa solidariedade irrestrita ao povo do Rio de Janeiro, a quem perdeu seus entes queridos. Há uma clara determinação da presidente Dilma Rousseff: todo apoio do governo federal nessa hora ao Rio de Janeiro e ao governador Sérgio Cabral.

Segundo Cardozo, a questão das enchentes no sudeste do país poderá ser tratada na primeira reunião ministerial com Dilma, marcada para hoje às 14h.
Tragédia das chuvas
O forte temporal que atingiu o Estado do Rio de Janeiro na terça-feira (11) deixou centenas de mortos e milhares de sobreviventes desabrigados e desalojados, principalmente na região serrana.

As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto foram as mais afetadas. Serviços como água, luz e telefone foram interrompidos, estradas foram interditadas, pontes caíram e bairros ficaram isolados. Equipes de resgates ainda enfrentam dificuldades para chegar a alguns locais.

O governo federal, o Estado e as prefeituras se mobilizam para liberar verbas. Empresas públicas e privadas, além de ONGs(Organizações Não Governamentais), recebem doações.

Os corpos identificados e liberados pelo IML (Instituto Médico Legal) começaram a ser enterrados quinta-feira (13). Hospitais estão lotados de feridos. Médicos apelam por doação de sangue e remédios. Os próximos dias prometem ser de muito trabalho e expectativa pelo resgate de mais sobreviventes.

Um comentário:

Notícia em Verso disse...

A chuva ainda não deu trégua, o sol não raiou
As pessoas ainda juntam os cacos do que restou
É preciso força para retomar a vida, o mundo
Depois de se perder quase tudo num segundo

Tragédia natural não é exclusividade, é verdade...
Por que, então, sofremos mais com as tempestades?
Deus é brasileiro, não temos terremotos nem furacão
Mas pecamos no planejamento, vontade e organização

Portugal passou por suplício como o que se apresenta
Em falecimentos, só 10% daqui: pouco mais de quarenta
Na terra que zombamos ter pouca inteligência
Governos dão de goleada quando há urgência

A Austrália, do outro lado, foi ainda mais exemplar
Como mostrou, na TV, um brasileiro que lá foi morar
Eles monitoram o nível dos rios com grande precisão
Por carta, avisaram todos com 24 horas de antecipação

Mas aqui o relevo é outro, uns dirão
Por si só não justifica, não é explicação
Populismo, impregnado, responde por esse mal
Ah, se nossa inteligência fosse a de Portugal...

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