Falta um Beltrame na Serra do Rio
Os traficantes deram um aviso ao Governador Sergio Cabral, pouco antes de tomar posse, pela primeira vez: botaram fogo em ônibus na Avenida Brasil.
Quem manda aqui somos nós.
Cabral, governador, acertou.
Nomeou o Beltrame com a função de re-instalar o Estado na favela.
Não é para acabar com o tráfico.
Isso é tão difícil quanto querer que o aquecimento da Terra deixe de fazer chover no “extremo”.
Beltrame foi lá para reocupar o território.
Instalar escola, hospital, esgoto, luz elétrica.
E botar os traficantes para correr – desarmados e sem capital de giro.
As Unidades Policiais Pacificadoras (UPPs) são um instrumento – o mais visível – dessa política.
E hoje, na primeira página, o Globo, que combateu as UPPs no inicio, agora elege Beltrame a “personalidade do ano”.
(O Globo foi contra, porque a UPP sepultou o sonho da elite carioca: remover a favela para o quinto dos infernos, como fazia o Carlos Lacerda, o D. Sebastião da elite carioca.)
O mesmo Globo, que, como a Globo, culpou o Lula pela desgraça.
(Não esquecer que esse mesmo Globo tentou levar a Olimpíada para Madrid, porque os traficantes derrubaram um helicóptero da Polícia, não é isso, amigo navegante ?)
O que falta na Serra – Friburgo, Teresópolis e Petrópolis – é o Estado.
Falta um Beltrame.
Não basta esperar pelo Governo Federal.
Tem que ir para cima dos prefeitos.
Tem que ir para cima dos Secretários.
Quando Estácio de Sá, em 1º de março de 1565, fundou a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro percebeu que a Serra do Mar (da Morte) é íngreme, escarpada.
O que ficar embaixo dela some na primeira chuva.
No leito dos rios do Caleme se pode ver que há rochas que desceram lá de cima há séculos.
Essa notável descoberta da Folha (*), na primeira página de hoje (o Estado sabia que iam morrer mil pessoas na Serra desde 2008 e não fez nada) é outra falácia.
Todo mundo sabe.
Há muito tempo.
O Cabral não precisa ir a Medelín, à Sabesp, nem ao MIT.
Ali mesmo, na UFRJ e na Coppe, todo mundo conhece cada pedregulho da Serra da Morte (ou do Mar).
A professora Ana Coelho Netto, do Departamento de Geo-Ciências da IFRJ, estuda isso há trinta anos.
Vamos supor que este ordinário (e ansioso) blogueiro conheça um “Beltrame” para a Serra.
Ele encomendava um mapa das áreas de risco na Serra.
Fechava o foco: na Serra.
Identificava cada encosta e o terreno que está embaixo.
As casas vulneráveis.
Chamava os prefeitos.
Num regime presidencialista e Executivo como o brasileiro, o Presidente manda no Governador e o Governador manda no prefeito.
E dizia a cada prefeito: é toma lá dá cá.
Escreveu não leu, pau comeu.
Daquele jeito doce, suave da presidenta.
(O general que não se envergonha já conhece.)
Cada prefeito faria um programa de alerta e de resgate com uma defesa civil bem montada.
Com a UFRJ nos calcanhares do prefeito.
O “Beltrame” dava umas incertas.
Tocava um alarme.
A eleição para prefeito é daqui a dois anos.
Eles sabem o que é bom para a tosse.
Os vereadores também.
Ele chamaria a Caixa Econômica para realizar o maior projeto de Minha Casa Minha Vida do Governo Federal.
Não adianta tirar o morador da área de risco se ele não tem para onde ir.
Tem que ter uma Minha Casa.
Dava um pulinho ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE, em São José dos Campos.
(Clique aqui para ler “O Cerra não vai mais poder dizer que a culpa é de Deus”)
Pergunta ao Gilberto Câmara, o presidente, o que é que o supercomputador Tupã vai poder informar, no próximo verão.
Ele ia casar as informações do Tupã, mais precisas, com os mapas de risco das prefeituras.
E perguntaria ao Câmara quanto custa montar um sistema de previsão meteorológica como o Governo do Eduardo Campos montou em Pernambuco (clique aqui para ler “Eduardo Campos fez uma revolução em Suape e dá de 10 a 0 no Cerra”).
Campos, sozinho, reduziu dramaticamente o numero de mortes em catástrofes.
A intensidade da chuva só vai aumentar com o aquecimento da Terra.
O Cabral vai demorar a conseguir que os Estados Unidos e a China parem de derreter o Planeta.
Antes disso, tem o verão do ano que vem.
E o de 2013, 2014 …
Cada morto numa enchente na Serra ano que vem entra na conta do político Sergio Cabral.
Está na hora, sim, de apontar os bodes expiatórios.
Esse bom-mocismo brasileiro, que passa a mão na cabeça de militar torturador, deu nisso: a sobrevivência da tortura, em dependência de custódia da Policia Federal.
(Clique aqui para ler na pág. 11 do Globo, “Ministro (Zé Eduardo Cardozo: ‘um por todos e todos por um’ contra crime”)
(É a primeira tortura da jestão Zé Cardozo (aquele que militou em defesa de Daniel Dantas, até com os amigos do Berlusconi)
(Na jestão do Luiz Fernando Corrêa, a suspeita de tortura era contra o próprio Corrêa.)
O Cabral tem que ir para cima, como o Beltrame foi para cima do morro.
Recomenda-se não seguir nenhum exemplo de São Paulo.
O que o Padim Pade Cerra e seu poste fizeram no Jardim Romano e na Vila Itaim, na cidade de São Paulo, está mais parecido com crime eleitoral do que com defesa civil.
Se o Cabral fez a UPP, pode fazer o PAC-Rio.
Programa de Ação contra a Enchente – Rio.
Esquece a Copa e a Olimpíada.
O problema são mil brasileiros que morreram na região serrana.
Brasileiros como eu e você.
Com o mesmo sotaque, com o mesmo time no coração.
Cada morto na Serra no verão que vem é culpa do Cabral.
Depois, a gente acerta aquele desvio do dinheiro da chuva para a Fundação Roberto Marinho.
Manda o “Beltrame” para a Serra.
Manda o Pezão.
Paulo Henrique Amorim
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
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