O último Caderno
Fundação José SaramagoEste Último caderno não é um livro triste, não é um livro tronante, é, simplesmente, uma despedida. Por isso, José Saramago, apesar de estar atento à curiosidade do dia ou ao acontecimento terrível, apesar de usar o humor e a ironia e de se empenhar a fundo na compaixão, resgata textos adormecidos que são actuais e deixa-no-los como presentes inesperados, não um testamento, mas simples oferendas íntimas que desvelam paixões e sonhos. Aproxima-nos do mundo de Kafka ou da inevitável tristeza de Charlot, enquanto nos descreve a soberba aventura de coroar o cume da Montanha Blanca em Lanzarote.
Este é um livro de vida, um tesouro, um Saramago que nos fala ao ouvido para dizer-nos que o problema não está na justiça mas sim nos juizes que a administram no mundo. Não haverá mais cadernos, esse olhar oblíquo para ver o outro lado das coisas, a direito, sem nunca baixar a cabeça diante do poder, mas sim para beijar, a ironia, a curiosidade, a sabedoria de quem não tendo nascido para contar continua a contar, e com que actualidade agora que já não está e tanta falta continua a fazer-nos. Assim são as despedidas dos homens que sabem que nasceram da terra e que à terra regressam, mas agora abraçados a ela, com essa espécie de imortalidade que lhes oferece o solo de que nos levantamos a cada dia, com novas experiências assimiladas. As de quem são solo e terra, nosso sustento, talvez a nossa alma.
Pilar del Río
In El último cuaderno, Alfaguara
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Barcelona se entrega a Saramago con un festival de la palabra(El País)
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Saramago: "O último caderno", um presente "inesperado" do Nobel Português
A um dia de cumprir oito meses da morte de José Saramago, Barcelona homenageia o Nobel português com diferentes atos, um deles relacionado com "O último caderno", que hoje Pilar del Río considerou um "presente inesperado".
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