Julgamento do assassinato do Cacique Veron
ihu.unisinos
"Acompanhar todos os momentos do julgamento de três dos acusados do assassinato do cacique Marcos Veron, é poder entender um pouco mais da história de luta e sofrimento desse povo, e sentir que depois de mais de cinco séculos eles continuam sendo assassinados por que querem continuar vivendo em pequenos espaços de suas terras tradicionais. O julgamento possívelmente estará indo amanhã noite e talvez madrugada adentro, até que finalmente seja anunciada a decisão dos jurados", escreve Egon Heck, coordenador do CIMI-MS, ao enviar o artigo que abaixo publicamos.
Eis o artigo.
No terceiro dia do julgamento foram ouvidas vítimas e testemunhas de acusação e defesa. Foram os depoimentos que mais estavam sendo aguardados, uma vez que os depoentes eram os mais diretamente afetados pelas violências que resultaram no assassinato do cacique Marcos Veron Avá Taperendy, líder Guarani Kaiowá, no dia 13 de janeiro de 2003
Ladio Veron, filho mais velho do cacique assassinado, e que sofreu espancamentos, tortura e ameaças de atearem fogo em seu corpo, fez o depoimento mais contundente e detalhado da bárbara agressão sofrida, tendo sido amarrado e jogado na carroceria de uma camionete, juntamente com seu pai, agonizante.
Ladio, após o depoimento já reintegrado ao grupo de seus familiares e amigos, declarou que “espera que a justiça agora seja feita. Que o assassinato de seu pai não fique impune, bem como outros assassinatos de líderes indígenas Kaiowá Guarani.” Bastante sereno e confiante declarou: “só ficarei mais tranqüilo na hora que terminar o julgamento com a punição dos assassinos”.
Adelcia Martins Veron, a primeira vítima a depor, disse “a dor que passei é como se tivesse sido ontem. Uma coisa muito triste. Vi com meus próprios olhos, o massacre a judiação, a lamentação e gritos das crianças e mulheres. Tudo isso fui relembrando enquanto fui falando no depoimento. O tiroteio que a gente sofreu, é um grande sentimento que a gente vai sentindo de novo. A coisa mais triste que aconteceu foi ver o nosso cacique ir morrendo aí sem a gente poder fazer nada. Ele morrendo, sem xingar ninguém. Morrendo como uma abelha. Uma dor do povo índio de Takuara dando a sua vida”.
Relatou ainda “Eu não agüentava, chorava muito, vendo toda aquela tortura. Meu coração ficou doendo vendo toda aquela judiação. Espero que tenha justiça. Que os jurados sintam no seu coração aquela dor que sofremos com o assassinato do nosso cacique. Esperamos continuar vivendo com nossas crianças do jeito que ele nos ensinou, na reza, no guachiré. E assim continue nossa alegria na aldeia Takuara. Ele deu a vida pela terra e pelo futuro das nossas crianças. Os fazendeiros mataram nosso cacique sem compaixão, mas nós vamos continuar a vida do nosso cacique”.
Por fim, ressaltou “Que o governo possa ouvir e sentir onde o sangue foi derramado e demarque a nossa terra, para que a gente possa viver tranqüilo em nossa terra, com nossas crianças. Hoje quem lidera o grupo indígena da aldeia Takuara é o filho mais velho do cacique Marcos Veron, Ládio Veron Avá Taperendy’i “.
Araldo Veron, primeiro depoente de testemunha de acusação, declarou “estava com grande sentimento e ansiedade esperando há muito tempo esse julgamento. Creio muito na justiça que vai dar a sentença para os que mataram meu pai. Fiquei muito contente porque o julgamento está acontecendo e, agora, esperamos a punição dos assassinos do nosso pai Marcos Verón.
Recordou das pessoas que os tem ajudado nessa luta. “Agradecemos a todos os que nos apoiaram e deram força como a Fiona da Survival, os amigos do Cimi e muitos outros por esse Brasil e mundo afora, que assistiram e apóiam a nossa causa, dando força nessas horas difíceis”. Finalizou dizendo “que a nossa comunidade esteja contente e todos os professores e alunos do Teko Arandu, que deram muita força para nós.”
Rosalino Ortis ,líder aldeia Yvy Katu, município Japorã disse: ”queremos que sejam punidos os assassinos do líder indígena guarani Marcos Verón. Agradecemos por ter acontecido o julgamento e esperamos que a justiça venha para julgar o assassinato de outras lideranças indígenas, mortas pelos pistoleiro dos fazendeiro no Mato Grosso do Sul”.
Ressaltou ainda, “Agradeço a outras liderança, Funai ,Cimi, Ministério Público Federal e Polícia Federal . Espero que não aconteça mais conflitos por causa de nossas terras”.
Franscisco Gonçalves, importante liderança guarani declarou “estou confiante na justiça, que esses assassinos sejam punidos pela violência e tortura cometidas contra o cacique Marcos Veron, índio Guarani e dos outros líderes assassinados pelos pistoleiros dos fazendeiros no Mato Grosso do Sul. Agradeço à Justiça Federal e a todas as liderança indígena Guarani Kaiowá.”
ihu.unisinos
"Acompanhar todos os momentos do julgamento de três dos acusados do assassinato do cacique Marcos Veron, é poder entender um pouco mais da história de luta e sofrimento desse povo, e sentir que depois de mais de cinco séculos eles continuam sendo assassinados por que querem continuar vivendo em pequenos espaços de suas terras tradicionais. O julgamento possívelmente estará indo amanhã noite e talvez madrugada adentro, até que finalmente seja anunciada a decisão dos jurados", escreve Egon Heck, coordenador do CIMI-MS, ao enviar o artigo que abaixo publicamos.
Eis o artigo.
No terceiro dia do julgamento foram ouvidas vítimas e testemunhas de acusação e defesa. Foram os depoimentos que mais estavam sendo aguardados, uma vez que os depoentes eram os mais diretamente afetados pelas violências que resultaram no assassinato do cacique Marcos Veron Avá Taperendy, líder Guarani Kaiowá, no dia 13 de janeiro de 2003
Ladio Veron, filho mais velho do cacique assassinado, e que sofreu espancamentos, tortura e ameaças de atearem fogo em seu corpo, fez o depoimento mais contundente e detalhado da bárbara agressão sofrida, tendo sido amarrado e jogado na carroceria de uma camionete, juntamente com seu pai, agonizante.
Ladio, após o depoimento já reintegrado ao grupo de seus familiares e amigos, declarou que “espera que a justiça agora seja feita. Que o assassinato de seu pai não fique impune, bem como outros assassinatos de líderes indígenas Kaiowá Guarani.” Bastante sereno e confiante declarou: “só ficarei mais tranqüilo na hora que terminar o julgamento com a punição dos assassinos”.
Adelcia Martins Veron, a primeira vítima a depor, disse “a dor que passei é como se tivesse sido ontem. Uma coisa muito triste. Vi com meus próprios olhos, o massacre a judiação, a lamentação e gritos das crianças e mulheres. Tudo isso fui relembrando enquanto fui falando no depoimento. O tiroteio que a gente sofreu, é um grande sentimento que a gente vai sentindo de novo. A coisa mais triste que aconteceu foi ver o nosso cacique ir morrendo aí sem a gente poder fazer nada. Ele morrendo, sem xingar ninguém. Morrendo como uma abelha. Uma dor do povo índio de Takuara dando a sua vida”.
Relatou ainda “Eu não agüentava, chorava muito, vendo toda aquela tortura. Meu coração ficou doendo vendo toda aquela judiação. Espero que tenha justiça. Que os jurados sintam no seu coração aquela dor que sofremos com o assassinato do nosso cacique. Esperamos continuar vivendo com nossas crianças do jeito que ele nos ensinou, na reza, no guachiré. E assim continue nossa alegria na aldeia Takuara. Ele deu a vida pela terra e pelo futuro das nossas crianças. Os fazendeiros mataram nosso cacique sem compaixão, mas nós vamos continuar a vida do nosso cacique”.
Por fim, ressaltou “Que o governo possa ouvir e sentir onde o sangue foi derramado e demarque a nossa terra, para que a gente possa viver tranqüilo em nossa terra, com nossas crianças. Hoje quem lidera o grupo indígena da aldeia Takuara é o filho mais velho do cacique Marcos Veron, Ládio Veron Avá Taperendy’i “.
Araldo Veron, primeiro depoente de testemunha de acusação, declarou “estava com grande sentimento e ansiedade esperando há muito tempo esse julgamento. Creio muito na justiça que vai dar a sentença para os que mataram meu pai. Fiquei muito contente porque o julgamento está acontecendo e, agora, esperamos a punição dos assassinos do nosso pai Marcos Verón.
Recordou das pessoas que os tem ajudado nessa luta. “Agradecemos a todos os que nos apoiaram e deram força como a Fiona da Survival, os amigos do Cimi e muitos outros por esse Brasil e mundo afora, que assistiram e apóiam a nossa causa, dando força nessas horas difíceis”. Finalizou dizendo “que a nossa comunidade esteja contente e todos os professores e alunos do Teko Arandu, que deram muita força para nós.”
Rosalino Ortis ,líder aldeia Yvy Katu, município Japorã disse: ”queremos que sejam punidos os assassinos do líder indígena guarani Marcos Verón. Agradecemos por ter acontecido o julgamento e esperamos que a justiça venha para julgar o assassinato de outras lideranças indígenas, mortas pelos pistoleiro dos fazendeiro no Mato Grosso do Sul”.
Ressaltou ainda, “Agradeço a outras liderança, Funai ,Cimi, Ministério Público Federal e Polícia Federal . Espero que não aconteça mais conflitos por causa de nossas terras”.
Franscisco Gonçalves, importante liderança guarani declarou “estou confiante na justiça, que esses assassinos sejam punidos pela violência e tortura cometidas contra o cacique Marcos Veron, índio Guarani e dos outros líderes assassinados pelos pistoleiros dos fazendeiros no Mato Grosso do Sul. Agradeço à Justiça Federal e a todas as liderança indígena Guarani Kaiowá.”
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